A vitória de ser vivo

 

A vida é um processo de aprimoramento constante: não para, não espera, não volta nem repete. Pequenos erros têm se tornado grandes aberturas para a violência, grandes acertos têm se tornado um fardo, um peso, um castigo, uma provação… Nem todos alcançam o seu melhor na vida, mas todos buscam de uma forma ou outra adquirir as condições propícias para crescer mais e mais na vida. Tenta-se construir projetos ousados, desenvolvem experimentos mágicos, transformam belezas e disfarçam o medo, pensam em infinitos de vidas além dos olhos do presente, fazem guerras e salvam vítimas de desastres, escrevem textos lindos e atestados de óbitos de corpos desaparecidos… Tanta dureza consome a nossa vida, tanta crueldade persegue a nossa mente, tanta frieza acompanha a nossa emoção, tanto lixo do passado carregamos na alma… Quantos de nós sofremos calados? Quantos calam da vergonha de um momento feliz?

   O que nos custa amolecer a vida com palavras doces? O que nos custa libertar os sonhos da mente? O que nos custa esquentar em abraços e beijos calorosos? O que nos custa olhar para frente com o coração aberto e coberto de amor?… O quanto perdemos (sofremos) ao silenciar dores que podem ser confortadas em ombros amigos? Quanta vergonha nos entristece mais do que a de não ter momentos felizes para lembrar depois?

   É preciso tão pouco para aprender a sorrir de si mesmo e com os outros; é preciso tão pouco para mudar marcas passadas em sonhos renovados; é preciso tão pouco para transformar os espinhos da vida em rosas na alma; é preciso tão pouco para semear a felicidade na vida das pessoas… Por que escolhemos atalhos malditos se podemos gozar com calma um caminho longo e lindo?

   Sei que é duro e difícil aproveitar a vida em toda sua plenitude, mas se encararmos o desafio diário em busca de momentos felizes, perderemos a covardia da mera esperança passiva e conquistaremos o poder grandioso de viver o infinito dentro de cada instante de felicidade… Somos instantes da imortalidade divina: anjos de carne!

Autoria: O Anjo Amante